quinta-feira, 30 de julho de 2009

Mais de noventa anos de história - Colégio Cruzeiro do Sul

Aos 91 anos, o triste fim do Colégio Cruzeiro 06/04/2004 Mais de noventa anos de história não foram suficientes: o colégio Cruzeiro do Sul, um dos mais tradicionais de Porto Alegre, não mais existe como instituição de ensino. Fechado no primeiro semestre do ano passado, o Cruzeiro – onde estudaram figuras como Érico Veríssimo, Josué Guimarães e Jair Soares, só para citar alguns exemplos – é hoje um conjunto de dois grandes prédios abandonados cujo destino, ao que tudo indica, deve ser mesmo a demolição. Por enquanto, alguns funcionários ainda dão expediente no local, ordenando papéis e atendendo alunos e pais de alunos que vão até lá em busca de histórico escolar e outros documentos arquivados ao longo de uma rica história principiada no início do século XX, quando um grupo de missionários norte-americanos da igreja Episcopal Anglicana fundou, no Partenon, uma escola que deveria seguir os padrões anglo-americanos de ensino. Na década de 20, princípio de 30, iniciou-se a construção dos atuais prédios, no bairro Teresópolis – então uma área quase rural, com chácaras e sítios. De lá para cá passaram pelo Cruzeiro centenas de professores e milhares de alunos que se orgulhavam de freqüentar uma instituição reconhecida pela excelência do seu ensino, aos moldes norte-americanos.O fechamento do Cruzeiro, no dia 19 de agosto de 2003, pegou a comunidade da Zona Sul de surpresa, não tanto pelo desconhecimento da sua situação financeira como pelo modo como foi feito. “Foi de um dia para o outro. De repente avisaram aos alunos que no dia seguinte não haveria mais aula”, conta a dentista Gladis Furlan Fay, que integra a Associação dos Ex-Alunos e conheceu a época áurea da escola. Gladis fez o primeiro e o segundo graus (Científico) no Cruzeiro, na década de sessenta. “O Cruzeiro, na época, era modelar, era fantástico. Os alunos, como é o meu caso, faziam Vestibular sem fazer cursinho e passavam tranqüilamente”, relembra ela. Ou, como diz a ex-aluna e ex-professora (durante 15 anos), Yara de Almeida Castillo: “Além dos excelentes professores, o grande diferencial do Cruzeiro era a liberdade. O Cruzeiro sempre foi um colégio misto, com rapazes e moças juntos, em uma época em que isso não era comum”. A ligação de Yara, hoje aposentada, com o colégio prosseguiu com seus filhos, netos e seu ex-marido, que estudaram lá. “Sinto saudades daquela época boa, das festas, do recreio que fazíamos na rua, dos esportes que praticávamos, dos excelentes professores. Havia uma intensa vida social”. Embora pertencente à igreja Episcopal Anglicana, o Cruzeiro era uma escola laica que não fazia proselitismo religioso, cobrava mensalidades relativamente baratas dos alunos e remunerava bem o seu corpo docente. Grande parte de seus alunos era procedente do interior, alguns dos quais vinham diretamente para o internato masculino que funcionava em um setor específico. TUDO NEBULOSO – Fundado a 13 de maio de 1912, o Cruzeiro do Sul completaria 92 anos no próximo mês. Mas por que um colégio tão tradicional fechou as portas tão de repente, enquanto tantas outras instituições de ensino seculares continuam aí, funcionando normalmente? Essa pergunta, no entender dos ex-alunos, dos pais e de muitos professores, envolve um somatório de problemas que vieram se acumulando nas duas últimas décadas. “Foi má administração total, um conjunto de coisa. Havia muito empreguismo, favorecimentos, essas coisas”, afirma Yara Castillo, opinião que é também de Gladis Fay: “Houve má administração, embora, no meu entender, a derrocada tenha começado quando o colégio começou a aceitar alunos em provas de recuperação que vinham de outros colégios. Com isso vieram maus elementos, gente barra pesada, e a escola começou a ser mal vista. Aquilo também era um cabide de empregos”. A Associação dos Ex-Alunos do Colégio Cruzeiro do Sul (cujo presidente, Reni, está viajando) não poupa críticas à direção e aos mantenedores da instituição, aos quais acusa de sonegar informações a respeito não só do passado recente como do destino que será dado ao imóvel. “Há muitos boatos correndo, inclusive de que teria sido vendido à Ulbra. O certo é que é tudo muito nebuloso, há uma caixa-preta para ser aberta, a igreja não abre as coisas”, diz Gladis Fay.Sabe-se, por exemplo, que existem várias dívidas trabalhistas a serem pagas e que uma parte do terreno foi vendido para uma grande construtora da cidade. Gladis e Yara rechaçam os argumentos que culpam a inadimplência dos pais e a crise econômica e acusam os responsáveis pela escola de terem sucumbido às tentações da especulação imobiliária. “Eu acho que isso, a especulação imobiliária, colaborou para o fechamento”, opina Gladis. “Se inadimplência e crise fossem as causas não sobrava nenhum colégio em Porto Alegre”, duvida Yara Castillo. Segundo ela, já no final dos anos oitenta a Igreja Episcopal começou a vender bens do Cruzeiro, o que sinalizava uma vontade de, aos poucos, desfazer-se de todo o patrimônio. De qualquer forma, os dois prédios continuam de pé e – se alguém comprou algum deles (a área reservada aos esportes já teria sido vendida) – ainda não se dispôs a construir outra coisa em seu lugar.Logo após o fechamento, a Associação, os pais e muitos alunos manifestaram sua surpresa e revolta, promovendo atos públicos à sua volta, como um abraço simbólico à escola. Na época eles também procuraram a mídia para externar suas dúvidas e posições. O ex-governador, ex-ministro, ex-aluno e deputado Jair Soares participou das manifestações que, aos poucos, no entanto, foram caindo no esquecimento.Mesmo protestando e acompanhando toda a situação, os integrantes da Associação dos Ex-Alunos não têm esperanças de que o Cruzeiro do Sul reabra suas portas. “É, agora somos ex-alunos de um ex-colégio”, lamenta a dentista Gládis, que guarda na memória os nomes de alguns professores e diretores inesquecíveis: Alfredo Pradelino da Rosa, Jorge Henning, Paulo Appel, Ripol...Segundo a Igreja, a crise econômica foi a causaInadimplência, redução do número de alunos, crise econômica, diminuição do poder aquisitivo da população, altos custos, ações trabalhistas. Estes são, em linhas gerais, os argumentos apresentados pela Igreja Episcopal Anglicana como explicações para o fim do Cruzeiro do Sul.“Nos últimos cinco anos decresceu o número de alunos, que já não passavam de 300”, afirma Dom Orlando Dias de Oliveira, bispo diocesano e presidente do conselho da Comissão Mantenedora da escola. “Além disso havia muita inadimplência e um passivo de ações trabalhistas. Colabora também o fato de que Teresópolis é um bairro de classe média baixa”, destaca ele.Segundo o bispo, a igreja relutou no fechamento definitivo: “A gente não queria fechar mas chegamos a um ponto de insolvência, e é preciso ver que não somos um caso isolado. Estamos dentro de um quadro de dificuldades vivido pelo ensino privado, com toda a concorrência que está acontecendo no setor”. D. Orlando cita ainda o quadro recessivo da economia brasileira e as conseqüências que isto trouxe ao ensino. Responsável pelo colégio – que é um patrimônio da Igreja Episcopal, cuja sede nacional é em Porto Alegre (são 50 mil fiéis no Rio Grande do Sul e 250 mil no Brasil) – o bispo lembra que o Cruzeiro do Sul, em seus bons tempos, chegou a ter cerca de 1500 alunos matriculados no primeiro e segundo graus e também no internato. Ele orgulha-se do passado do colégio, que “estava no mesmo nível de um IPA, do Colégio Militar, do Farroupilha, do Americano”, procurando “uma educação integral, com esportes, cultura e atividades extra-curriculares”. Escola particular, “que acolhia qualquer pessoa, sem fazer catequese”, o Cruzeiro do Sul chegou a contar com um quadro de 70 professores das mais diferentes confissões religiosas, “inclusive de origem judaica”. Criado pelo bispo Willian Thomas, um missionário norte-americano que, em 1890, veio diretamente dos Estados Unidos para Porto Alegre, o Cruzeiro iniciou modestamente, em uma velha casa do bairro Partenon. Nos anos trinta iniciou-se a construção dos dois prédios atuais, em Teresópolis. O colégio sempre foi aberto à comunidade, funcionando em dois turnos – manhã e tarde. Segundo o bispo, a igreja está estudando propostas de compra do terreno e dos prédios, que faz divisa com o Teresópolis Tênis Clube. “Estamos pensando no que vamos fazer com o patrimônio. Há muitas pessoas procurando, até para alugar.”Atualmente há uma comissão mantenedora estudando essas e outras questões e dando prosseguimento à parte burocrática, já que existem uma série de procedimentos legais a serem cumpridos junto ao Conselho Estadual de Educação. Segundo ele, os prédios não estão abandonados (embora tenham sofrido visível depredação), contando com um serviço permanente de vigilância 24 horas ao dia. Em seu auge, o Colégio contava com 1.500 alunos e cerca de 70 professores (COPIADO DO JORNAL DA ZONA SUL) COMENTÁRIOS: 1 - COMENTÁRIO DE O MARAVILHOSO MUNDO DA FRU disse... Meu Deus, como eu queria ter poderes para investir e começar tudo outra vez. Morrer , nunca vai, porque são muitos os corações Cruzeiristas que não deixarão, mas é muito triste passar ali e sentir-se roubada de um pedaço de existência tão maravilhoso, como o que nós tivemos.Enfim, vou ajudar sempre, a mémoria deste meu segundo lar, a continuar vivo . 2 - COMENTÁRIO DE REGINA LEMOS : Queridos amigos!Estou falando há muitos anos que precisamos escrever um livro sobre as nossas histórias vividas no Cruzeiro do Sul.O colégio nao mais existe mas nós estamos aqui e vamos preservar a sua memória onde passamos grande parte de nossa infância e juventude. O Cruzeiro vive dentro de cada um de nós e jamais esqueceremos os ensinamentos que adquirimos neste educandário,como também nossos queridos professores, embora na época, nem tivéssemos consciência de que eles eram realmente grandes mestres,haja vista que hoje estamos aqui,tentando resgatar tudo o que temos dentro de nossos corações.Vamos então começar a escrever tudo o que guardamos na memória ...Cada um faz a sua parte e é assim que vai nascer o nosso livro .,o livro escrito pelos ex-alunos que amam o Cruzeiro do Sul.Gostaram da idéia?Então maos à obra!Abraços e beijosRegina Lemos

2 comentários:

  1. descobri de fonte segura,um professor veraneando em canasvieiras por acaso soube que naquele mes,um reverendo do cruzeiro havia comprado 6 apartamentos naquela praia,com o dinheiro da venda milionaria do campo de futebol para uma firma.nunca prestou contas e ficou por isto mesmo.ele já havia sido expulso da igreja e mesmo assim conseguiu voltar a direção da escola...e a igreja..

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  2. Pois é!!!!Tem muita coisa triste por trás desta falência,mas....E quando se fala ou escreve, vem a censura e .....Triste, muito triste principalmente por ser de uma entidade religiosa, tradicional, a qual aprendemos a amar e considerar, como se fosse a nossa casa.

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